Viver já é impossível. E ainda assim vivemos.
Vivemos porque sabemos que a impossibilidade é o que nos permite.

Vivemos pra viver, incansavelmente, nossa luta contra o impossível.
Tudo, embora, se perde. Se perde em arquivos já perdidos. Vistos e não lidos.

Nesta luta a primeira pessoa foi morta. A terceira entrou em ação pra contar histórias sobre vitórias.
Não existe eu, existe Vós. Não existe eu, existe Ele. E ainda não existe eu, existe Nós. 

Do contrário da ida, a volta tráz histórias permitidas. Testadas, sentidas.

Contarás a quem sobre o que vistes?
Quem será ouvinte nessa história que é alegre e é triste?

A terceira pessoa existe?

- Cala-te menina. Apenas vive.



Ligações, ações. Alguém finge, alguém fala, alguém sente?
Defendendo-se de emoções, frustrações. Não pensei em atender ligações.

Mas aqui estou, de volta. Te atendi, te ouvi, não te vi.

O que vai acontecer nessa vista não sei, sei que estou aqui e não estais em mim, não mais.
Te deixei ir, ir por ti, sair de mim.
E aceito, com minha espiritualidade em formação, as escolhas que fizestes sobre o futuro que seria meu e teu.
Se fui substituída? Claro que não.
Porém movida pelo desejo e pela dúvida, fui fruto e fui ação. 



Santiago, 23 de setembro de 2013

Daqui me fiz mil, segurei a onda porque precisei de mim. De uma Natalí firme e forte, tendo um norte, mesmo sem porte.
Transferi nomes para meus motivos, guiei caminhos, detalhei estradas. E nesta tarefa certifiquei do que sou formada: constante de pessoas lembradas. Porém, de modo  tão real  e intuitivo que viraram meus principais motivos, como o rumo de quem traz a volta.
Não escolhi escrever essa carta, ia ser mais um simples desabafo do que me tornei. Mas as linhas me convenceram que o ninguém que descrevo é só ironia do todo que me espera, do todo que eu sempre amei. Vocês.
Sou grata pela família de amigos que tenho. Os que escolhi entre risos, lembranças, choros e andanças. E se cada um quisesse um pedaço de mim, eu me doaria toda... Porque fiz do excesso meu melhor momento.
Carrego comigo um acervo de sorrisos expressos em fotografias. E elas, de tão expressivas, me fazem reviver o exato momento do acontecimento. Entro em um quase nirvana de risadas longas e com som, e depois reflito o quanto foi valioso registrar o TAL momento feliz. Ver que o mais importante é que do meu lado estavam humanos sinceros, e que se doaram para viver.
Abriguei-me na distância física, mas me aproximei de sentimentos reais. Sei exatamente pra quem volto, sei dos risos que meus ouvidos reclamaram a falta. Sei também da energia que meu corpo sobreviveu sem. Mas como mágica, alguma onda positiva me fez persistir. E o cosmo, que não é nada falho, trouxe o necessário pra que eu aguentasse até aqui.
Imaginei, criei e fantasiei muitas cenas. Essa prática me manteve presente no mundo que eu “abandonei” por um tempo. Mas acabou. Minha contagem regressiva encurtou, meu drama sessou.

E meu desejo vivo enfatiza, que minha necessidade de construção e volta é ter todos vocês!



Nunca será nada
No fim  poesia
Poeira  vadia.



Quantas mil histórias eu já inventei, e sonhei, imaginei... Fantasiei.
Agora quantas eu já vivi, não  sei.
Aceito as culpas que me dão em relação a intensidade, sempre aceitei. Mas nunca mudei.
Não o fiz porque não quero. Apenas.
Sou as voltas do desejo do incompleto,  cheguei a essa conclusão a algumas horas.

Mas também sou meu melhor complemento inquieto. 



Felicidade sem abate, que bate
Sem ponto e sem pixels, cem motivos
Cem desordens, cem perguntas, cem respostas
Sem e cem.
É avulso em memória
Conversa longa, desdobra.
Eu que sou as respostas das perguntas de tuas respostas
Eu disposta, oposta, sem nota.
Me nota, me prova
Marca e aprova, consola
Constrói mais bordas atemporais nos canais
No caos do cais.
Me mostra em alguma escadaria tua paz
Sou curiosa rapaz.



Porque sentir-se culpada por não querer? Porque temer a não ter algo a dizer?
Respire, sinta sua lei... Você não precisa fazer nada forçado. Faça da sua vontade o seu motivo!
E se o motivo for um não repetido? E se esse 'não' for fruto da solidão?
Não importa, viava-o. Isso é você.

Aliás, não esqueça que sua escolha foi intensificar quem és. Viver o intenso do seu mundo. Do que você criou pra suportar chegar até aqui. 



Abrigos não cabem mais em mim
Necessito de botões abertos
Eduquei-me na modéstia
Repleta, diversa
Criei-me transversa
Complexa, anexa
Sentimentos carimbados
Dias do passado amontoado
Cria nascida em versos
Noite franzida e calada
Quadrado que guarda a menina

Sou eu aqui que grito sem voz por todo lado.



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