Ser nítido
Ser líquido, invasivo
Ser que é, faz
De longe és
De longe faz

Viés fino, eficaz. 



Boas novas anunciadas, vindas de pessoa amada
Motivos pra continuar caminhando na estrada
Felicidade nascida simples e sem disfarce
Foi sonho que virou plano, o pano da realidade
Dias vazios substituídos por contagem regressiva
É a vida, guerreira viva
Mostrando que sempre haverá saída
As escolhas que foram feitas nunca serão esquecidas
Transformadas em esforços que virão a ser o troféu da partida.

Siga menina, siga...



Minutos cheios de silêncio
Que enriquecem e falam
Calam o imperfeito
Valorizam a palavra.
Minuto solitário
De silêncios cheios
Quiçá entrelaçado

Pelo envergonhamento alheio.



Posso falar sobre chás? Posso.
Tomo chá porque gosto, e essa é parte mais divertida desse meu inverno super frio. Brinco de acompanhar o caminho que o chá faz dentro do meu corpo. Esquentando meu interior como uma paixão dentro de um abraço tonto. É estranho, mas parece que sinto vontade de continuar assim como estou agora e como venho falado em todos os meus últimos textos: solitária. Mas minha solidão tem acompanhantes, da pra entender? Existe o incomodo de ter quer dividir a solidão, de ter que dar satisfação sem dizer não. Então eu venho, me tranco e começo a escrever. E fico assim, escrevendo meio troncha, sem saber ao certo o que dizer.

Diversas vezes eu senti o engando gosto da conclusão. Senti por uns instantes que todo esse lamento cheio de lágrimas não passava de drama. Melancolia forçada. Ilusão. Mas me enganei, que pena. Daria tudo pra que fosse conclusão. Por isso continuo escrevendo sem começo, porque é tudo continuação.Recuso-me a viver dentro de uma rotina inventada, imposta. Por isso luto até contra mim mesmo pra mais tarde não sofrer, também, com isso.  


Quando quero sentir felicidade, agarro-me a esperança. Linda, linda é a esperança!  Jogo em uma tela gigante todos os meus sonhos, e começo a adiantá-los e chego a sentir o gosto de como é vive-los. E o gosto é bom. 



Avulso

O sono em forma de abraço. E eu, que penso nada ter, agora o tenho de lado.
Detalhes corridos de trauma detalhado,
Seria meus ouvidos que estão calados? Ou o dia que vive de lado?

Seria tu em mim e você no eu, porque ouvi dizer que quando se ama duplica-se de tamanho. E desejo ser grande assim. Não sei quem é você, mas insisto em descobrir porque escrevo pra você e não tenho respostas. Mas respostas pra quê... Se eu me respondo o tempo todo sem querer?

Queria saber de onde nasce o barulho do silêncio, porque o cosmo que já vive em mim contou-me que tudo é sobrenatural. E em cima do natural estar o sobre, e que dentro do sobre estar o segredo, e que por trás do segredo estar o som. Caminho confuso.
Espera... Ouço vozes, estão todos acordados.  Então essa madrugada não é só minha. Desconheço madrugadas de multidão, multidão forçada que envolve o meu chão...

Na sala, algo estranho
Diálogo de contra-mão
Vãos cheios de tralhas
Vazio sem perdão.

É gente que acha que conversa mas só sabe dizer não. 



Porque aqui escrevo se ninguém me lê? Porque eu me leio, e isso me constrói. A escrita pra mim anda ao lado da fotografia, a diferença é que fiz da fotografia minha profissão, e da escrita minha missão. Talvez uma complemente a outra e me torne o que sou.
A dias estou trancada dentro de mim,  um isolamento cheio de sentidos e gritos. Não ignoro a fala, a convivência, o contato. Mas evito-os. Preciso desse retiro espiritual interior, desse aprofundamento com a leitura, sobre o que é e o que sou. Estaria de acordo a começar a escrever um livro. Me sinto estimulada o suficiente pra isso, porém tenho preguiça de enganchar as palavras, então vou escrevendo em textos soltos que no fim se unem.  Não quero transformar esse ato em sacrifício, porque agora ele é minha cura.
Tenho pouco mais de 90 dias nessa aventura que me permiti. Uma aventura estranha, confusa o suficiente pra me deixar ciente do que me torno com ela. As vezes me vejo narrando o eu, e é o que farei agora... Natalí que se sente gorda, mas a gordura vem das palavras que ela não põe pra fora. O peso do seu corpo é derivado da tensão de, paradoxalmente, não poder jogar-se ao mundo lá fora. E tudo que ela passa a viver estar dentro si. Pronto, a narrativa para por aqui, volto a primeira pessoa, ao eu que te escrevo agora.
Ao ler-me em textos antigos, observo que há uma necessidade de ter o motivo. O motivo é o Ele, e esse Ele que falo pode ser você que me lê. Envolvo toda história vivida em uma bolsinha de sílabas e começo a espremer forte, o que sai é palavra de verdade. E te garanto que não penso muito sobre elas, simplesmente fluem, saem como expulsão. 
A alguns meses crio fatos na memória pra driblar a solidão. Parece apavorante, e é. É porque eu me permiti a isso. Sinto uma enorme vontade de aprofundar-me na música, deixar de ser só canto e ser som de objeto também. Mas algo me diz, algo de dentro, que meu canto é suficiente já que minha procura é pelo som acompanhante. Já que minha procura é mais que por um simples par, quero música segurando a minha mão, pra acompanhar minha canção quando eu sentar. Pra depois ir a uma varanda e agradecer a lua por ter um par. É que eu gosto de cantar baixinho pra alguém, gosto de fingir que sei cantar. Subir em um palco imaginário e mostrar-me a uma plateia que é de uma pessoa só. Essa plateia que também é minha banda, me acompanha.

Devo estar em transe, na verdade nunca vou saber ao certo o que é transe. Mas posso definir o agora: Barulho lá fora que parece um empurrão pra minha memória, silêncio aqui dentro que se transforma em carinho pro meu lamento, palavras eufóricas que brotam, minha visão cheia de teclas dançantes e um par de mãos que deslizam rapidamente sobre o teclado. Chega uma hora que a gente não consegue dominar o que escreve. Depois de muito tempo calada, quando sento pra escrever parece que encontro uma melhor amiga de infância, e os assuntos surgem assim sem tanto sentindo. Porque o mais importante é tirá-los um pouco de dentro. E acho que é por isso que escrevo: Para dar um recreio aos meus pensamentos, para que eles fiquem livres pra o mundo, e pra que possam encontrar alguém que os admirem fora de mim. 



Noite cheia de pessoas, com pessoas cheia da noite. Em meio a isso encontram-me, aproximam-se... E como conversa de ventilador algum papo nasce na sala, e eu pulsando de curiosidade sobre os próximos assuntos que viriam. 
Nascia ali um daqueles acontecimentos que precisam ser escritos, lembrados e falados. Foi tudo muito simples, em um pedaço de calçada eu ouvia alguém que sem saber me traduzia.
A dificuldade com o idioma só fez deixar a conversa mais encantadora, porque enquanto eu tentava explicar o que dizia ele interrompia e, novamente, me traduzia. A lua acompanhava em silencio, fez força pra parecer  sol e me esquentar. Porém nada adiantaria,  pois meu corpo estava frio, mas minha mente em brasa criava asas e esquecia daqueles malditos graus de uma noite gelada.
Sim, foi mágico. Eu estava esperando por um encontro como esses pra preencher meus dias de fantasias. Um amor platônico de um dia, quiçá uma temporada, uma vida... Porque o bom, e mais gostoso, dessas paixões de minutos é que a gente se enche de esperança sem querer. E ai estar a verdadeira magia de um encontro: esperar sem querer demonstrar, viver pra querer rever, reaproximar, e lançar-se à difícil tarefa de auto controlar-se pra poder se preencher.

Quando eu nada entendia, ocupava os momentos desenhando aquela barba macia. Gravando cada detalhe do contorno pra poder lembrar no outro dia. Sabia que naquele momento eu poderia me perder no escuro, mas estava proibida de perder-me no óbvio de minhas vontades. Meus valiosos desejos ocultos, que abertamente passaram de ocultos pra melancólicos. Mas não foi por querer, é que na minha confusão interna eu adiantei, naturalmente, a pesada lembrança da ida. 



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