Agora sou eu, exatamente eu. Corpo-a-corpo comigo mesma, sem
reflexos e apenas sobre versos. Bastaria olhar para o lado e encontrar motivos,
cores, tempos dentro do tempo. E se assim fosse eu o faria com passos lentos e
olhos “cerrados”, porque agora há um espelho interno que anda refletindo tudo do lado errado.
Mesmo assim eu seguiria pra conhecer o desconhecido apresentado. Na chegada abriria os olhos, não para
enxergar o óbvio, mas pra me ver refletida em pupilas estranhas e decifrar o
que é visto, detalhar o que me torno agora.
Quando os momentos não acontecem,
simplesmente os invento. Invento-os vivendo dentro da invenção. Na
prática provo o gosto do sonho vivo, que depois – não necessariamente, mas
quase sempre – torna-se pesadelo. Isso, de fato, acaba transformando-se em um
fluxograma.
Vez ou outra deparo-me com situações familiares, mas apresentam-se
travestidas de novas e assim me enganam. Vivo-as intensamente, como qualquer
outro ponto ou linha dessa minha história. Isso acaba construindo e,
definitivamente, definindo quem sou eu. Tais
situações me envolvem de fantasias tontas, mascaradas de pura carência de quem
quer o outro, de quem deseja o próximo. E todo esse tamanho cabe na descoberta
diária...
Mais tarde o sono vem, provando-me que não sou de mais ninguém e que
nem essa – muito menos aquela – carência me tem. Por que anda tudo parecendo
capa, uma em cima da outra pra cobrir todas as falhas. Mas que falhas se o que
antecede todo o fato é a coragem? (...) E embora não seja algo aceitável, sou
eu mesma assim como me criei. Mas dentro daqui, daqui de dentro. E o que resume
o lado de cá é apenas uma palavra: impulso.